Começando com a frase clássica: “A unica certeza que temos, é que vamos morrer”.
Como é possivel a gente viver nossas vidas normalmente sabendo que no fim tudo vai desaparecer? Eu penso muito sobre a morte, penso sempre, mas evito falar sobre esse meu medo porque sinto que é um assunto que todo mundo pensa, que todo mundo teme, como se esse medo estivesse tao enraizado no senso comum, que falar sobre isso sempre acaba na conclusão de: “É isso mesmo, nao tem o que fazer, viva sua vida e fim”
Posso dizer que sou uma pessoa otimista, gosto de ver o lado bom das coisas, apreciar as coisas bonitas da vida e bla,bla,bla, mas isso adianta? A resposta é claramente sim, mas mesmo assim a questão da morte me pega, me pega porque hoje tenho 27 anos e todas as pessoas que eu ja cruzei na vida vão deixar de existir em algum momento.
Obviamente o que me pesa mais é pensar na minha familia, eu sofro antecipadamente só de pensar na ideia dos meus parentes não estarem mais aqui, a ideia de simplesmente nao existirem mais fisicamente é assustador. Claro que tem toda aquela conversa de se apegar as boas memórias, os bons momentos e aproveitar enquanto estão aqui, mas isso não vai mudar o final, sempre haverá o final das coisas, sempre.
Nesses meus vinte e poucos anos eu nunca vi a morte de perto, digo morte de alguém muito proximo mesmo, na verdade eu tenho memória da morte da minha bisavó e de um avó, mas eu era bem criancinha, e não é como se eu não entendesse que eles estavam morrendo, eu sabia, mas não me afetou tanto. Será que não me afetou porque eu não tinha a memórias sufucientes com eles? Será que esse é o ponto, quanto mais velho a gente fica mais experiencias temos com pessoas que nós amamos, e mais medo temos de perde-las ao passar do tempo?
São as experiencias que compartilhamos com outras pessoas que tenho medo que sumam, a experiencia de almoçar domingo na casa da minha vó, de saber que posso bater palma no portão dela e que ela vai atender com um aventalzinho e com aquela cara de cansada, mas que vai fazer questão de perguntar se eu quero comer alguma coisa. A experiencia de pegar um onibus para casa da minha mãe e ela me esperar na rodoviária, de chegar na casa dela e ver as mudanças que ela fez na casa, as plantas novas, as conversas de como a vida ta dificil mas que ela nunca vai desistir.
Eu não entendo porque tudo isso é uma questão pra mim, sendo que minha vó, minha mãe, meu pai, estão todos lá, não tem porque eu ficar aqui me apegando as situações que nao aconteceram ainda, simplesmente por medo. É como se eu gostasse de sofrer, como se fosse importante saber que a falta deles vai me fazer mal, como se esse sentimento na verdade significa que eles são importantes pra mim, que eu os amo tanto que antecipadamente eu ja sofro com a ideia do fim.
Ridiculo.